Resistências por aí
Por Schimo
Vidas de artistas
Para não perder o costume, no último sábado de março um bom punhado de cidadãos aconchegou-se no Teatrinho do Sesc Santa Rosa para garantir mais uma Resistência. Cornelia Kudiess (artista plástica e professora), Jerson Fontana (ator e diretor teatral) e Cláudio Joner (músico, compositor e agitador cultural) estavam lá para dizer como e porque resolveram levar a vida na arte. No decorrer da conversa transpareceu que talento, dedicação, determinação e acaso influíram significativamente na trajetória de cada um deles.
Cornelia frisou sua necessidade de capturar um instante, um determinado ângulo - geralmente algo que lhe é familiar -, para eternizá-lo numa tela, e, posteriormente, poder então dividi-lo com quem mais se permite contemplar o belo fugaz. Ao enquadrar suas delicadas aquarelas no mercado de arte, Cornelia sempre apostou no longo prazo. Primeiramente seu "mercado" são os amigos, parentes e conhecidos, aqueles com quem convive. Depois... quem sabe?
O santo-angelense Jerson Fontana, bastião do grupo teatral A Turma do Dionísio, anotou que a atividade teatral é fruto e alimento do lugar onde se vive. A platéia de um ator é, primordialmente, sua própria comunidade. Esporadicamente ele pode alçar outros vôos, mas sempre retornará ao ninho. Seu público resume-se ao presente. Seu trabalho encerra com o apagar das luzes e o cerrar das cortinas. E sua obra extingue-se conjuntamente com sua vida.
Cláudio Coelho Joner desta vez acumulou ao papel de apresentador e produtor do Resistência também o de artista de plantão. Ao longo de seu ofício como músico e compositor, Coelho conjugou repetidamente os verbos buscar, aprender, tentar, sair, encarar, ensinar, voltar, produzir, acreditar, entre outros tantos. Hoje, encara um mercado absolutamente volátil, rendido a uma virtualidade até há pouco inimaginável, tendo à mão a mesma certeza de 20 anos atrás: é preciso dar vazão às inquietações permanentes e continuar produzindo.
Além de conterrâneos e contemporâneos, outro fator em comum entre os três foi a necessidade inicial de pegar a estrada em busca de ferramentas e conhecimentos para melhor compreender e aplicar suas aptidões artísticas.
Complementando o programa, arte na prática. Albino Medeiros, são-luisense que chegou por aqui ainda no tempo dos Lendários, abriu o fole da gaita e alçou a voz. Jogou baião na vaneira e suscitou aplausos acalorados. Outro santo-angelense, Fabiano Millani, desenhista, retratou in loco sua namorada. E, por fim, o grupo Ativar mostrou como o teatro amador sobrevive, literalmente, de esmolas. E, mais ainda, da vontade irrefreável de algumas figuras em reencenar a vida.
Esticada
Na quinta-feira, 03 de abril, o Resistência fez sua estréia na capital gaúcha. O palco: o Café Concerto, do Sesc Centro. A platéia: todos os agentes de cultura do Sesc-RS. O tema: identidade cultural. Com a palavra: Larry Bola Wizniewsky, of course, Juarez Fonseca (jornalista e decano da crítica musical no Estado) e Arthur de Faria (jornalista, músico e compositor).
Inicialmente coube à bela voz de Márcio Celi, escudada pelo violão de Jefferson Marx, atrair a atenção da infantaria cultural sesquiana. Missão cumprida. Em seguida, após uma curta explanação de Cláudio Joner situando objetivos e modus operandi do Resistência, Bola W. deu o tom para o que seria uma troca de impressões sobre a singularidade de nossa (falta de) identidade cultural. Nem seria necessário dizer que Juarez e Arthur trouxeram elementos substanciosos para a conversa. O trio afinou ao questionar cânones étnicos, históricos e de costumes. Semearam dúvidas mui pertinentes. No entreato, um número coreográfico-acrobático-musical a cargo da Cia. de Dança Joca Vergo. Ao final, resistiram todos.
Até o próximo!
*Schimo é produtor do Resistência e redator do http://www.sanoticias.com/
Por Schimo
Vidas de artistas
Para não perder o costume, no último sábado de março um bom punhado de cidadãos aconchegou-se no Teatrinho do Sesc Santa Rosa para garantir mais uma Resistência. Cornelia Kudiess (artista plástica e professora), Jerson Fontana (ator e diretor teatral) e Cláudio Joner (músico, compositor e agitador cultural) estavam lá para dizer como e porque resolveram levar a vida na arte. No decorrer da conversa transpareceu que talento, dedicação, determinação e acaso influíram significativamente na trajetória de cada um deles.
Cornelia frisou sua necessidade de capturar um instante, um determinado ângulo - geralmente algo que lhe é familiar -, para eternizá-lo numa tela, e, posteriormente, poder então dividi-lo com quem mais se permite contemplar o belo fugaz. Ao enquadrar suas delicadas aquarelas no mercado de arte, Cornelia sempre apostou no longo prazo. Primeiramente seu "mercado" são os amigos, parentes e conhecidos, aqueles com quem convive. Depois... quem sabe?
O santo-angelense Jerson Fontana, bastião do grupo teatral A Turma do Dionísio, anotou que a atividade teatral é fruto e alimento do lugar onde se vive. A platéia de um ator é, primordialmente, sua própria comunidade. Esporadicamente ele pode alçar outros vôos, mas sempre retornará ao ninho. Seu público resume-se ao presente. Seu trabalho encerra com o apagar das luzes e o cerrar das cortinas. E sua obra extingue-se conjuntamente com sua vida.
Cláudio Coelho Joner desta vez acumulou ao papel de apresentador e produtor do Resistência também o de artista de plantão. Ao longo de seu ofício como músico e compositor, Coelho conjugou repetidamente os verbos buscar, aprender, tentar, sair, encarar, ensinar, voltar, produzir, acreditar, entre outros tantos. Hoje, encara um mercado absolutamente volátil, rendido a uma virtualidade até há pouco inimaginável, tendo à mão a mesma certeza de 20 anos atrás: é preciso dar vazão às inquietações permanentes e continuar produzindo.
Além de conterrâneos e contemporâneos, outro fator em comum entre os três foi a necessidade inicial de pegar a estrada em busca de ferramentas e conhecimentos para melhor compreender e aplicar suas aptidões artísticas.
Complementando o programa, arte na prática. Albino Medeiros, são-luisense que chegou por aqui ainda no tempo dos Lendários, abriu o fole da gaita e alçou a voz. Jogou baião na vaneira e suscitou aplausos acalorados. Outro santo-angelense, Fabiano Millani, desenhista, retratou in loco sua namorada. E, por fim, o grupo Ativar mostrou como o teatro amador sobrevive, literalmente, de esmolas. E, mais ainda, da vontade irrefreável de algumas figuras em reencenar a vida.
Esticada
Na quinta-feira, 03 de abril, o Resistência fez sua estréia na capital gaúcha. O palco: o Café Concerto, do Sesc Centro. A platéia: todos os agentes de cultura do Sesc-RS. O tema: identidade cultural. Com a palavra: Larry Bola Wizniewsky, of course, Juarez Fonseca (jornalista e decano da crítica musical no Estado) e Arthur de Faria (jornalista, músico e compositor).
Inicialmente coube à bela voz de Márcio Celi, escudada pelo violão de Jefferson Marx, atrair a atenção da infantaria cultural sesquiana. Missão cumprida. Em seguida, após uma curta explanação de Cláudio Joner situando objetivos e modus operandi do Resistência, Bola W. deu o tom para o que seria uma troca de impressões sobre a singularidade de nossa (falta de) identidade cultural. Nem seria necessário dizer que Juarez e Arthur trouxeram elementos substanciosos para a conversa. O trio afinou ao questionar cânones étnicos, históricos e de costumes. Semearam dúvidas mui pertinentes. No entreato, um número coreográfico-acrobático-musical a cargo da Cia. de Dança Joca Vergo. Ao final, resistiram todos.
Até o próximo!
*Schimo é produtor do Resistência e redator do http://www.sanoticias.com/
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